A história da Mesbla ainda desperta nostalgia em muitos brasileiros. Por décadas, a marca foi sinônimo de loja de departamento, oferecendo de tudo um pouco — de roupas a eletrodomésticos, passando por brinquedos, móveis e até automóveis. Fundada no início do século XX, sua trajetória é marcada por inovação, crescimento acelerado, crise e, mais recentemente, uma tentativa de renascimento no ambiente digital.

Neste artigo, vamos relembrar os principais momentos da história da Mesbla, desde sua origem como empresa de importação até o fechamento das lojas físicas nos anos 90. Também abordaremos seu retorno como e-commerce e seu valor simbólico para o varejo brasileiro, reforçando como ela ainda ocupa um lugar especial na memória de gerações.
As origens da Mesbla no Brasil
Fundação e primeiros anos
A Mesbla foi fundada em 1912, no Rio de Janeiro, como Mecânica e Importadora Mesbla S.A.. Seu nome vem da união entre “Mecânica” e a empresa francesa “Société Bleriot”, especializada em aviação. Inicialmente, a companhia comercializava peças e equipamentos para aviões e automóveis, o que era uma grande novidade no Brasil da época.
Com o tempo, a empresa foi diversificando seu portfólio e ampliando suas operações. A expansão se deu de forma consistente, acompanhando o desenvolvimento urbano e o crescimento da classe média brasileira, o que ajudou a consolidar sua presença no mercado nacional.
De importadora a símbolo do varejo nacional
Nas décadas seguintes, a Mesbla deixou de ser apenas uma importadora e passou a atuar como uma poderosa rede de lojas de departamento. A empresa adotou um modelo de negócios inspirado nas grandes redes norte-americanas, oferecendo uma vasta gama de produtos sob o mesmo teto, em grandes centros urbanos.
Essa mudança de posicionamento consolidou a Mesbla como um nome forte no varejo. A marca passou a ser associada à diversidade, modernidade e conveniência, com lojas que ocupavam pontos estratégicos em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre.
O auge das lojas Mesbla
Expansão e popularidade nas décadas de 70 e 80

Entre os anos 1970 e 1980, a Mesbla viveu seu período de maior sucesso. As lojas eram enormes, ocupando vários andares, e reuniam milhares de produtos. Os consumidores podiam comprar roupas, brinquedos, artigos esportivos, móveis e até mesmo veículos — tudo em um só lugar.
Essa variedade de ofertas e o formato inovador consolidaram a marca como referência. A Mesbla era mais que uma loja: era uma experiência. Muitos brasileiros guardam na memória as visitas em família, os anúncios marcantes na TV e os tradicionais catálogos distribuídos em larga escala.
A força da marca e o impacto na cultura de consumo
A Mesbla também foi responsável por influenciar os hábitos de consumo no Brasil. Seu modelo de loja de departamento popularizou o conceito de compras parceladas e estimulou o desejo de consumo nas grandes cidades. A loja se transformou em destino certo nas datas comemorativas, como Dia das Mães e Natal.
Além disso, a marca investia fortemente em publicidade, com jingles e campanhas publicitárias que ficaram na cabeça dos brasileiros. A Mesbla se tornou um ícone da cultura popular, fazendo parte da paisagem urbana e da rotina de milhões de pessoas.
A decadência e a falência nos anos 90
Crise econômica, concorrência e má gestão
A partir da década de 1990, a Mesbla começou a enfrentar sérias dificuldades financeiras. O Brasil vivia um período de instabilidade econômica, com alta inflação e mudanças frequentes no cenário político e monetário. Ao mesmo tempo, o varejo passou por uma transformação, com a chegada de novos concorrentes e mudanças no perfil do consumidor.
A gestão da Mesbla não conseguiu se adaptar a essas mudanças. Problemas como endividamento, queda nas vendas e estrutura organizacional engessada levaram a um enfraquecimento progressivo da empresa. Aos poucos, lojas foram sendo fechadas e o nome Mesbla foi desaparecendo do cenário nacional.
O encerramento das atividades e o fim de uma era
Em 1999, após anos de crise, a Mesbla decretou falência e encerrou definitivamente suas operações. Foi o fim de uma era no varejo brasileiro. A queda de uma marca tão simbólica deixou um vazio para muitos consumidores, que viram desaparecer um dos principais pontos de referência de suas vidas.
Apesar do fechamento, a Mesbla continuou presente no imaginário popular. As lembranças da loja, seus anúncios e a rotina das visitas ficaram registradas na memória coletiva, mantendo viva a marca mesmo após sua ausência física.
O retorno da Mesbla no ambiente digital
Recompra da marca e relançamento no e-commerce
Em 2021, a marca Mesbla foi readquirida e voltou à cena como um e-commerce. O projeto busca resgatar a força do nome e associá-lo à conveniência das compras online, seguindo o exemplo de outras marcas nostálgicas que retornaram com novo posicionamento digital.
A nova fase é comandada por empreendedores que enxergam na Mesbla um enorme potencial de reconexão emocional com o público. O objetivo é combinar a lembrança afetiva da marca com as facilidades do varejo digital contemporâneo.
Desafios e perspectivas da nova fase
Apesar da força do nome, o novo projeto enfrenta desafios consideráveis, como a consolidação no mercado competitivo do e-commerce e a reconstrução da confiança do consumidor. A Mesbla digital ainda é uma promessa em construção, mas que chama atenção pela coragem de resgatar um nome tão emblemático.
Se o projeto terá sucesso ou não, só o tempo dirá. Mas é inegável que a volta da Mesbla despertou curiosidade e reacendeu o interesse por marcas históricas. O movimento se insere em uma tendência global de retorno de marcas vintage com apelo emocional e potencial de engajamento digital.
A Mesbla na memória afetiva dos brasileiros
Nostalgia, propaganda e legado cultural

A Mesbla faz parte da memória afetiva de milhões de brasileiros. Seu nome ainda evoca lembranças de infância, de passeios em família e de um tempo em que fazer compras era também um programa de lazer. O impacto cultural da marca vai além do varejo, alcançando o campo das emoções e da identidade urbana.
Campanhas publicitárias, catálogos coloridos e vitrines temáticas estão entre os elementos que contribuíram para esse legado. Mesmo quem nunca entrou em uma loja da Mesbla provavelmente já ouviu histórias ou viu imagens que remetem à importância da marca.
O valor simbólico e o potencial de resgate da marca
O valor simbólico da Mesbla pode ser sua maior força nessa nova fase. Em um mercado cada vez mais digital e competitivo, marcas que despertam sentimentos e conexões reais têm uma vantagem. A Mesbla ainda vive no coração de muita gente — e isso pode ser mais valioso que qualquer ativo físico.
Assim como outras marcas clássicas que voltaram aos holofotes, a Mesbla tem potencial para se reinventar e encontrar seu espaço na nova economia. E o futuro dessa história pode nos surpreender, combinando passado e inovação.
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IMPORTANTE
Este artigo foi elaborado com base em fontes históricas e registros públicos sobre a trajetória da Mesbla. Caso identifique alguma informação incorreta ou deseje contribuir com dados adicionais, entre em contato com o Dicionário News. Nosso compromisso é com a informação de qualidade e com o resgate da memória empresarial brasileira.
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